sábado, 23 de julho de 2011

Ano 1993

Essa semana fui pega por uma surpresa. O maravilhoso mundo da tecnologia das redes sociais me trouxe lembranças de uma agradável infância. De repente me vi convidada à participar de um grupo de amigos da escola em que estudei até a terceira série em 1993. E isso já tem 18 anos. Há 18 anos as coisas eram tão diferentes. Eu tinha 9 anos e meu mundo se limitava ao bairro de Copacabana e Ipanema. Minha escola ficava no final da minha rua e meus amiguinhos moravam perto. Minhas obrigações eram apenas fazer os deveres de casa que a tia Cecília passava. E eu já tinha problemas com isso. Lembro que houve um surto de roubos de cabelos naquela época. As meninas ficavam aterrorizadas só de verem tesouras. Babaloos e balas 7 Belo eram devidamente examinadas. Caso houvesse um furinho descartadas, pois os jornais noticiavam que drogas eram injetadas nesses doces para viciar crianças e nessa época ainda achávamos errado. Me lembrei também na tia Shirlei. Uma senhora muito elegante, de cabelos negros e olhos azuis. Mas de uma exigência digna da primeira bailarina do teatro municipal de Moscou. Bem, era somente o auditório do colégio (que era enorme!) mas para ela dava no mesmo. Hoje consigo entender que nossos objetivos eram diferentes, para ela o balet e o sapateado eram uma profissão, mas para mim era apenas lazer. eu estava ali somente por hobby, para uma atividade extra curricular. Pena para mim. Queria eu ter a postura e elegância da tia Shirlei. E as festinhas nas boates Vogue e Mikonos no Leblon. Todo mundo comemorava aniversário lá. E todo mundo ia. Hoje essas boates nem existem mais. Deram lugares a prédios. Tinha também a Wels Fargos que no subsolo tinha mesas com telefones e a paquera rolava solta. Philipe Martin era a loja mais legal para fazer compras e mochila da Company era obrigatória seja qual fosse a cor. Meninas colecionavam adesivos. E o boneco babysauro era o sonho de consumo da molecada.
Legal desses grupos no Facebook que você pode compartilhar essas lembranças somente com aquelas pessoas que realmente se importam com isso, pois também viveram essa época e possuem essas mesmas lembranças.

P. S.: Uma vez, roubaram meu tênis durante a aula de balet e tive que voltar pra casa de sapatilhas. Tomei bronca da mamãe.

sábado, 16 de julho de 2011

O Despertar de uma Primavera




É, eu sei. Desapareci daqui por mais de um mês. Mas não foi por falta de amor não. Juro! Pelo contrário. Acho que minha ausência se deve por causa do despertar de um amor. Um amor pela profissão, pela encenação, pela estória, pela pesquisa, pelo esforço, pelo trabalho, pelo todo! Um amor difícil, um flerte que durava 2 anos já e que somente ali naquelas 4 semanas começou a desabrochar.
E como foi bonito. E não por isso pouco sofrido. Muitos joelhos roxos, músculos distendidos e muitos cabelos arrancados, vozes pedidas e lágrimas. Muitas lágrimas, de tristeza e de alegria. De frustração e de superação.
A possibilidade de ser parte de uma peça tão presente em nossas curtas vidas na arte. A chance de nos divertir e nos colocar nos lugares de atores que fizeram sucesso e até causaram polêmica ao colocar uma menina de 16 anos com os seis a mostra numa montagem. Bem, ali ninguém tinha menos de 18 anos. Mesmo assim a vontade de representar aqueles garotos alemães que viveram no final do século XIX, com toda a sua sexualidade e seus problemas de suicídio contagiou um grupo que parecia estar a muito adormecido. Nada melhor que O Despertar da Primavera para despertar a arte do coletivo em cada um de nós. É claro que em uns mais e outros menos. Mas o importante é que o nosso sonho era um só.
Finalmente entendemos que dependia somente de nós mesmos. E conseguimos! Nos divertimos, brigamos, demos risadas e choramos feito crianças, discutimos e superamos, cantamos e dançamos, aplaudimos e fomos muito aplaudidos, nos demos as mãos e nos desejamos MERDA! E olha, se estivéssemos no tempo da carruagem* teríamos muita! O público foi fundamental. Mesmo com sessões onde havia 13 pessoas na platéia, o grupo era o mesmo que para uma casa lotada. O amor era o mesmo! O processo foi prazeroso a ponto do resultado ser motivo de aplausos.
Aplausos para o conhecimento. Aplausos para a superação. Aplausos para a compreensão. Aplausos para concessões. Aplausos para discussões. Aplausos para o coletivo. Aplausos para o teatro. Aplausos para nós mesmos.

À turma Reg 3 E CAL 2011 e ao mestre Paulo Afonso de Lima.